Foucault chamava atenção para a emergência, desde o século XIX, de uma nova tecnologia de poder que funciona tomando “posse da vida desde o orgânico ao biológico”. Ele a denomina de biopolítica e mostra que ela se exerce tomando a população. Já não toma mais o corpo para individualizar, docilizar e disciplinar, mas o toma para operar uma individualização que recoloca os corpos nos “processos biológicos de conjunto”, como fenômenos coletivos que só ganham pertinência no nível das massas. Apesar de funcionar de modo inverso às antigas tecnologias de poder da soberania – expressas na vontade e no direito do soberano de “fazer morrer e deixar viver” – e da disciplina – que rege a multiplicidade dos homens para torná-los individualidades a serem controladas, treinadas e vigiadas –, o biopoder não as apaga. Ele as conjuga, “penetrando-as, perpassando-as e modificando-as” e, em seu exercício de “fazer viver e deixar morrer” toma a vida do homem como ser vivo, como espécie.
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